Comemorando 62 anos de carreira, Cauby Peixoto
resiste firme e forte com seus shows semanais no Bar Brahma, em São
Paulo. Todas as segundas, ele sai de seu camarim improvisado em um
anexo do bar, e caminha cantando em direção ao palco.
Mesmo amparado por seguranças e com plateia
lotada, aos gritos, Cauby sente saudades das loucuras das fãs de
antigamente. “Minhas fãs viviam atrás de mim. E hoje elas cresceram,
casaram, viraram noivas e tal...”, diz o cantor, olhar fixo no
passado.
No próximo dia 11 de agosto, Cauby concorre ao prêmio de melhor
cantor na categoria Canção Popular, no Prêmio de Música Brasileira
2010 (pelo show “Cauby interpreta Roberto”, realizado em maio deste
ano), e diz que a música ainda o emociona. “Não é bom parar. É bom
continuar”.
Após tantos anos de carreira, ainda se
emociona cantando?
Ainda me emociono. A música pra mim não é só a letra. É a melodia, a
harmonia, o ritmo, que me emocionam, mexem comigo.
E qual a música que mais mexe com o senhor?
(cantando) “Conceição, eu me lembro muito bem...”
O que falta nos intérpretes de hoje?
Falta emoção, dramaticidade e interpretação. Cantor que não
interpreta é um cantor frio.
Os cantores de hoje são frios?
A grande maioria. São comerciais, não cantam com o coração. Porque
tem pessoas que não têm sentido musical, não conhecem música como
nós. Tem pessoas assim, quadradas.
"Brasileiros são muito
saudosos..."
O senhor tem alguma nostalgia em
relação ao passado?
Tenho muita, demais. Muita saudade. Nós, brasileiros, somos muito
saudosos. Nunca esquecemos o que aconteceu lá no início da carreira,
estamos sempre lembrando.
Do que mais sente falta?
Eu sinto falta das fãs. Das MINHAS fãs, veja bem. Porque as minhas
fãs viviam atrás de mim. E hoje elas cresceram, casaram, viraram
noivas e tal...
Mas estão aí, prestigiando o senhor, não
é? A casa vive cheia, o senhor precisa de três seguranças para
passar.
Público ainda lota o show toda
semana
Estão, é? É... É muito bom.
Existe ainda alguém com quem o senhor queira cantar?
Não. Já cantei com os melhores.
Pensa em algum artista que seria seu sucessor?
Eu tenho uma sobrinha, Adriana, filha do meu irmão pistonista,
Araquém. Ela canta muito bem. Seria uma sucessora.
Tem alguma coisa ainda que o senhor deseja fazer na sua carreira?
Eu estou muito bem, minha voz está boa. Então eu gostaria de gravar
músicas como eu fazia na grande época, quando tinha 40 anos
carreira. Eu não faço músicas. Mas não aparece mais aquele
compositor do nível do Chico Buarque. O meu maior sucesso foi do
Chico, ‘Bastidores’. Não é bom parar. É bom continua